Nesta quinta-feira (24) é comemorado o Dia do Aposentado. Infelizmente, somente para poucas pessoas a aposentadoria é uma época em que o tempo até então destinado ao trabalho pode ser melhor aproveitado, seja junto da família ou no exercício de atividades prazerosas.
A verdade é que a grande maioria não tem o que comemorar. A principal insatisfação é com o índice de 6,2% de reajuste salarial oferecido a quem ganha acima de um salário mínimo. Além disso, as perdas acumuladas ao longo das últimas décadas e o descaso do governo são apontados como fatores que geram o descontentamento entre os aposentados.
Segundo entidades representativas dos aposentados, em 2010, o governo – durante campanha eleitoral – prometeu extinguir o Fator Previdenciário. No entanto, passado o pleito, a presidenta Dilma alegou que isso desequilibraria as contas da Previdência Social. Com o Fator, o trabalhador pode perder até 45% da sua renda ao se aposentar.
Ingresso no serviço público em 1967, encerrando esse ciclo como coordenador da Anvisa no DF, em 2010, o hoje aposentado José de Lima Dias engrossa essa lista. Entre a perda de gratificações, auxílio-alimentação e outros benefícios, Dias viu sua renda diminuir em 30%.
Aos 73 anos, Dias continua batalhando pelos servidores ativos, aposentados e pensionistas como atuante diretor de Administração do Sinagências, mas guarda ressalvas.
"Feliz ou infelizmente eu sempre vesti a camisa do serviço público. Fiz o máximo, inclusive até sacrificando a minha família. Mas agora o sentimento é de desvalorização mesmo. Há servidores que perdem mais: perdem a dignidade e a família, caem no alcoolismo, na depressão, por falta de apoio da instituição à qual ele pertencia, no sentido de prepará-lo para a aposentadoria. Você se sente um maior abandonado", resumiu.
Morador de Marília (interior paulista), o aposentado José Pelegrina, de 80 anos, é outro exemplo. Ele reclama da aposentadoria e da falta de “vergonha” do governo federal em relação àqueles que tanto trabalharam e que hoje precisam ser vistos com respeito e dignidade. “É uma vergonha. Me aposentei com 23 salários mínimos, hoje recebo sobre 10. Daqui um tempo, vou receber um salário mínimo e olhe lá. O aposentado, do jeito que as coisas andam, logo, logo vai ter que pedir esmolar para sobreviver. Comemorar, o quê?”, questionou.
Sinagências, com contribuição do Diário de Marília