Articulação, diagnóstico e reconhecimento marcaram o primeiro Encontro Nacional dos Secretários Sindicais

Na sequência da programação da sexta-feira (17), o Encontro Nacional das Secretarias Sindicais contou, na primeira mesa da tarde, com a participação de dois representantes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Mariel Angeli e Ernesto Johannes. Também participou o diretor da Consilium Thiago Queiroz e o dirigente do Sinagências Williams Monjardim. Os quatro apresentaram uma análise detalhada sobre a conjuntura nacional e os impactos da proposta de reforma administrativa.

O momento destacou a importância da parceria entre o movimento sindical e o Dieese, instituição responsável por pesquisas históricas, como a da Cesta Básica, que há décadas subsidiam o debate público sobre trabalho e renda no país. O Dieese também realiza estudos específicos sobre as categorias da regulações, contratados exclusivamente pelo Sinagências para esse fim.

Durante a exposição, foram relembrados os esforços das entidades sindicais para barrar a PEC 32 e o papel decisivo da mobilização dos servidores na defesa do serviço público. A análise também abordou a nova composição da Câmara dos Deputados e o retorno das discussões sobre mudanças estruturais no funcionalismo, destacando a necessidade de articulação e vigilância permanente do movimento sindical diante das tentativas de retomada da agenda de desmonte do Estado.

Ernesto Johannes, que é economista do Dieese e um dos responsáveis pelos estudos técnicos Sinagências apresentou um estudo de caso tomando como exemplo a Anvisa e analisando a hipótese de contratação de 500 servidores temporários comparada à contratação de 194 especialistas em regulação, pelo regime estatutário. Segundo ele, a reforma administrativa abria um horizonte para a institucionalização de formas alternativas de contratação e substituição de mão de obra especializada.

O representante da Consilium apresentou uma análise sobre a conjuntura política e econômica do país, resgatando o papel do Congresso nas reformas recentes e alertando para os riscos de retomada da PEC 32 em meio ao cenário de restrição orçamentária previsto para os próximos anos. “Desde 2016, o país vive sob uma lógica fiscal que reduz a capacidade do Estado de investir e de garantir direitos”, afirmou. Ernesto também defendeu que “era preciso retomar o papel do Estado como indutor de políticas públicas e garantidor do bem-estar social”.

Durante a mesa, o dirigente Williams Monjardim destacou o processo de reconstrução das articulações institucionais do Sinagências no movimento sindical. “Desde o início da nova gestão, uma de nossas primeiras providências foi retomar o diálogo com outras entidades e fortalecer nossa presença coletiva nas pautas do serviço público”, afirmou.

Monjardim lembrou que o sindicato restabeleceu sua filiação à CUT, reforçou parcerias estratégicas com o Dieese e o Diap e passou a integrar espaços de articulação como o Fonasefe e o Coletivo das Três Esferas. Ele destacou ainda que essa reaproximação ampliou a presença do Sinagências nas mesas de negociação nacional e reforçou a importância da mobilização conjunta contra a reforma administrativa. “O momento exige união. É nas ruas e na luta coletiva que garantimos a defesa dos direitos do serviço público e da sociedade”, concluiu.

Café Mundial

Além das discussões, os secretários sindicais participaram de uma dinâmica coletiva para construir um diagnóstico sobre as necessidades específicas de cada estado, o que permitiu mapear prioridades regionais e alinhar estratégias de atuação local.

Atendimento jurídico

Daniel Kibuko, chefe de gabinete do Sinagências, apresentou à mesa o funcionamento da organização e a atuação estratégica da equipe de apoio, destacando a importância de aproximar secretários e secretárias da retaguarda que dá suporte às ações nos estados. Ele detalhou a coordenação das assessorias políticas e jurídicas, ressaltando a integração com parceiros como a VCL e a Consilium, e enfatizou a missão de oferecer suporte eficiente às demandas dos filiados, promovendo maior êxito nas ações e uma comunicação direta entre os territórios e a gestão central.

O advogado Dr. Samuel apresentou a equipe jurídica do Sinagências e explicou: “Atuamos em três frentes: defesa institucional, ações coletivas e atendimento individual a filiados. Cada caso é acompanhado de perto, com ações personalizadas, garantindo suporte especializado e contínuo na defesa do serviço público, além de outros pontos estratégicos.”

Posse

Ao final do primeiro dia do encontro, os secretários sindicais foram homenageados, receberam materiais simbólicos e reforçaram o reconhecimento pelo trabalho realizado.