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TRÉGUA PARA LIBERAR MERCADORIAS

Mariana Flores
Da Equipe do Correio
 
Mais de dois meses após o início da greve da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os servidores voltam ao trabalho hoje na maior parte do país. Desde ontem em alguns dos portos, fronteiras e aeroportos brasileiros os funcionários da agência vêm retomando a fiscalização dos produtos alimentícios e de saúde trazidos de outros países. Hoje novas assembléias definem a posição do restante dos funcionários que ainda não haviam votado, cerca de 10% do total, segundo o Sindicato Nacional dos Servidores em Agências Reguladoras Nacionais (Sinagências). O retorno, no entanto, não é definitivo, garantem os grevistas. Eles consideram-na uma trégua a espera do atendimento das reivindicações da categoria.
 
Os servidores querem que o governo cumpra até o dia 9 de maio a promessa de enviar um anteprojeto de lei redistribuindo os cerca de 500 servidores requisitados para o quadro permanente das agências. No início da semana o governo pediu um prazo de 30 dias para enviar o projeto. Mas com a trégua, admitiu repensar o prazo. Em reunião ontem à noite representantes da Casa Civil e do Ministério do Planejamento discutiram a elaboração do projeto de lei para evitar uma nova greve nos próximos dias.
 
Greg Baker/AP/6.4.06
 
Mesmo com o reinício dos trabalhos dos fiscais da Anvisa, os produtos parados nos portos ainda vão demorar para serem liberados
 
Hoje dirigentes do Sinagências se reúnem no Ministério do Planejamento para reativar a mesa de negociação que deverá tratar de outra reivindicação, a reestruturação dos quadros da categoria, inclusive os aspectos remuneratórios. “Vamos montar uma c omissão para discutir o projeto de lei. Mas a greve não acabou, se o governo não atender as duas reivindicações, paramos de trabalhar de novo”, afirma o presidente do Sinagências, João Maria Medeiros.
 
O fim da greve não deverá significar uma solução imediata aos transtornos causados pelo fim da fiscalização, como o desabastecimento de remédios e produtos médico-hospitalares, instrumentos cirúrgicos e reagentes utilizados em exames sangüíneos. Em todo o país, hospitais, clínicas e laboratórios vivem uma crise nos últimos dias. No Distrito Federal cirurgias ortopédicas foram canceladas por falta de próteses. Em alguns laboratórios a falta de instrumentos para realizar os exames poderá resultar no fechamento das portas nos próximos dias. Os prejuízos, pelas contas dos empresários dos segmentos, passam de US$ 800 milhões.
 
“Pedimos à Anvisa que crie uma força-tarefa para garantir que os funcionários trabalhem 12h por dia e nos finais de semana para liberar o máximo possível de produtos. O quadro é caótico”, afirma o representante dos empresários dos segmentos prejudicados pela greve, Carlos Eduardo Gouveia, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos, Fins Especiais e Suplementos Alimentares (Abiadsa).
 
Fonte: Correio Braziliense