Patrícia Villalba
O Estado de S. Paulo
1/2/2006
A Procuradoria-Geral da Agência Nacional do Cinema (Ancine) informou ontem que rejeita a defesa do diretor e ator Guilherme Fontes e enviará o processo de cobrança de R$ 30 milhões ao Tribunal de Contas da União (TCU), equivalentes ao valor corrigido dos cerca de R$ 8,5 milhões captados por meio das Leis Rouanet e do Audiovisual para o filme Chatô – O Rei do Brasil. É mais um capítulo de uma novela que se arrasta desde 1995, quando Fontes obteve do Ministério da Cultura aval para levantar R$ 12 milhões no mercado em isenção fiscal e produzir o que seria o filme mais caro do cinema nacional.
"Essa cobrança é uma retaliação. Vamos tomar novas medidas judiciais, assim que a decisão nos for comunicada oficialmente. Podemos ir ao Ministério Público acusar a Ancine de prevaricação, para garantir ao Guilherme o direito de concluir o filme", avisa o advogado de Fontes, Alberto Daudt. Ele deve entrar com mandado de segurança contestando o valor. "A Ancine não quer que o filme fique pronto e está cobrando o valor sem dar ao Guilherme o direito de terminá-lo. Eles sabem que o filme está quase pronto".
Fontes diz que todas as cenas de Chatô – adaptação da biografia do magnata da comunicação Assis Chateaubriand, escrita por Fernando Morais – estão rodadas e o filme só precisa de finalização. Mas para isso tem de captar mais recursos no mercado, o que depende de autorização da Ancine. A agência se nega a estender mais uma vez o período de captação. Quer que Fontes apresente o filme ou devolva R$ 30 milhões.