São Paulo, 22 de agosto de 2012 – Representantes do Sinagências foram recebidos pelo ex Ministro da Educação e candidato a Prefeito do Município de São Paulo, Fernando Haddad, no Diretório Nacional do Partido dos Trabalhores em São Paulo.
Enquanto aguardava o ex Presidente Lula, Haddad discutiu os problemas da Regulação e as negociações com o governo. Estiveram presentes na discussão, o Secretário Sindical em São Paulo, Anésio Evangelista de Oliveira Filho, e os reguladores federais do comando de greve de SP, Mauro Domingues – ANAC, Cláudio Kohatsu -ANTT, Rafael Pinheiro – ANATEL e Márcio Colazingari – ANATEL, todos lotados em São Paulo.
O objetivo foi questionar a postura do Partido dos Trabalhadores diante da greve dos servidores públicos federais, assim como sensibilizá-lo para a causa e reivindicações dos servidores das Agências Reguladoras, autarquias responsáveis pela regulação de aproximadamente 80% do PIB brasileiro.
Nesse contexto, a conversa com o candidato abordou a pauta de reivindicações do movimento paredista nas agências reguladoras, a morosidade do MPOG em aceitar negociar com os servidores e a intransigência do atual governo do PT perante as greves.
O Secretário Sindical do Sinagências (Anésio Evangelista) apresentou ao candidato o contexto atual das negociações com o governo, repassou a necessidade urgente de fortalecimento da regulação federal a partir da equiparação das carreiras das agências reguladoras com as demais carreiras estratégicas do Estado brasileiro, por meio da remuneração por subsídio, o reconhecimento e valorização dos conhecimentos e habilidades específicas que as atividades desempenhadas nelas requerem.
Anésio ainda elucidou que a greve foi a última alternativa que restou aos reguladores, face às constantes "enrolações" do governo na mesa. Mesmo com a greve das agências reguladoras iniciada em 16 de julho, o governo só nos recebeu 30 dias depois, exatamente em 16 de agosto, esclareceu.
Haddad reconheceu que o governo demorou em ouvir e negociar com os servidores, o que pode ter acirrado os ânimos dos dois lados. Defendeu que a demora em apresentar propostas decorreu do receio com o cenário de crise internacional e da busca por fomentar a manutenção das metas de crescimento nacional. “Sou professor, sou servidor, e conheço essa luta no serviço público. A Dilma não quer ser diferente do Lula, mas o momento é diferente, é de cautela”, disse o candidato.
Já Kohatsu expôs a grande surpresa, decepção e indignação generalizada dos servidores e trabalhadores, que sempre foram simpáticos ao Partido dos Trabalhadores. Comentou que foi uma grande novidade acompanhar as diversas medidas contra os sindicatos tomadas pelo atual governo. Entre tais ações figuram a edição do Decreto nº 7.777/2012, que permite a substituição de servidores públicos federais em greve por pessoas estranhas às funções e à Administração Pública Federal, a ameaça do corte do ponto dos servidores mobilizados e a busca pelo sufocamento do direito de greve via Poder Judiciário, com medidas cautelares, como nos casos recentes da Anvisa, Polícia Federal e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Destacou ainda que a maioria dos trabalhadores não conseguem mais enxergar a bandeira trabalhista num partido que se dizia dos trabalhadores, e hoje joga no lixo aquilo que no passado foi utilizado para a ascenção política.
O candidato procurou contextualizar o cenário atual recessivo, lembrando que mesmo no governo Lula houve momentos em que o governo não pôde atender completamente as pautas dos trabalhadores. Ainda assim, avaliou que a última década foi marcada pela valorização dos servidores públicos federais.
Quanto ao corte do ponto, o candidato inicialmente defendeu a posição do governo, mas mudou de posição após a intervenção dos servidores.
Rafael Pinheiro ressaltou que o corte de ponto não interessa aos servidores, às agências reguladoras, à sociedade ou ao próprio governo. “Há grande demanda represada. Quando o governo diz que não quer a reposição do trabalho acumulado, não está dizendo apenas que não se importa com os servidores, que vêem suas contas subirem a cada ano, que não têm qualquer reajuste inflacionário regulamentado e que quando se mobilizam são censurados. Ao agir assim, o governo está dizendo também que não se importa com o cidadão que fez uma solicitação há mais de um mês e que precisará esperar muito mais caso não ocorra a reposição. Está dizendo que não se importa em nada com o serviço público em si, mas apenas em angariar alguns "tostões" da verba alimentícia dos servidores, visando a desmobilização antecipada e à força, da luta trabalhista desses”, criticou Pinheiro.
No final, todos solicitaram à Haddad que levasse a discussão às diversas instâncias dentro do Partido dos Trabalhadores, à Presidenta da República e ao ex Presidente Lula, já que ambos têm participação ativa confirmada na candidatura do petista na capital paulista.
O encontro terminou com a chegada de Luis Inácio Lula da Silva no Diretório Nacional do PT em São Paulo, para encontro com Haddad.