O mês de agosto foi intenso e histórico para a regulação federal. A categoria se mobilizou, promovendo duas paralisações nacionais para pressionar o governo a apresentar uma proposta que atendesse suas demandas. Além disso, após cinco meses de negociação, os servidores da regulação aprovaram a proposta de reajuste oferecida pelo governo.
Nesta edição da Newsletter Regulação em Pauta, destacamos as manifestações dos servidores em diferentes cidades brasileiras e todo o processo de negociação até a última Mesa da Regulação. Boa leitura!
Após duas paralisações nacionais, os servidores das agências reguladoras aprovaram, em assembleia realizada no dia 20 de agosto, a proposta de reajuste salarial oferecida pelo governo federal durante a sexta reunião da Mesa da Regulação. A aprovação veio após cinco meses de negociação entre o Sinagências e o governo.
A assembleia, a maior da história do sindicato, contou com a participação de 2.860 servidores. Durante a votação, 69% dos participantes aprovaram a proposta apresentada pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI), que prevê um reajuste de 27% para os servidores da carreira e de 15,5% para os do Plano Especial de Cargos, a ser pago em duas parcelas, em 2025 e 2026. No total, foram 1.969 votos a favor, 868 contra e 23 abstenções.
Além dos reajustes salariais, a proposta inclui a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para, a partir de novembro, debater as pautas não remuneratórias da categoria ainda não contempladas na recente negociação. Entre essas pautas, destacam-se a mudança de nomenclatura de cargos e a exigência de ensino superior para ingresso na carreira.
O termo que oficializou a aceitação da proposta foi assinado pela diretoria do Sinagências no dia 21 de agosto, um dia após a assembleia no MGI.
Paralisações Nacionais
Antes de aceitar a proposta, a categoria se mobilizou intensamente em resposta à insatisfação com as ofertas iniciais do governo federal. Essas ações incluíram três paralisações nacionais: uma de 24 horas no dia 4 de julho; outra de 48 horas, nos dias 31 de julho e 1º de agosto; e uma terceira de 24 horas no dia 15 de agosto, todas como parte da “Operação Valoriza Regulação”. Durante os dias das paralisações, a categoria promoveu manifestações em várias capitais, incluindo Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, com o objetivo de protestar contra o desmonte da regulação federal e pressionar o governo por um reajuste salarial justo, além de discutir questões não remuneratórias cruciais para o fortalecimento das autarquias.
Mobilizações
É importante destacar que, embora o termo de acordo tenha sido assinado, isso não marca o fim das mobilizações do Sinagências pela “Operação Valoriza Regulação”. Para o presidente do sindicato, Fabio Rosa, a assinatura do acordo representa apenas a primeira etapa na luta pela reestruturação da regulação federal.
“O nosso movimento não termina aqui. A mesa foi só a primeira etapa dessa nossa mobilização. Vamos manter o diálogo com o governo, com o parlamento, com as organizações da sociedade civil, para demonstrar à sociedade a importância econômica e social do trabalho das agências reguladoras”, concluiu Fabio Rosa.
O governo publicou no Diário Oficial da União (DOU) no dia 21 de agosto uma alteração na Instrução Normativa SGP/SEDGG/ME nº 66, de 16 de setembro de 2022. A mudança garantiu aos servidores das agências reguladoras o direito de utilizar títulos de pós-graduação obtidos antes do ingresso na carreira para fins de progressão funcional e promoção, mesmo que esses títulos já tenham sido aproveitados em etapas de concurso público.
A alteração foi realizada em resposta a uma solicitação formal do Sinagências, que, em julho, mobilizou esforços para corrigir essa distorção no processo. No dia 22 de julho, o Sinagências oficiou a ministra Esther Dweck, entre outras lideranças do MGI, solicitando uma revisão urgente da Instrução Normativa. O objetivo foi unificar e esclarecer o entendimento entre todas as agências sobre a utilização desses títulos por parte da categoria para fins de promoção de carreira.
Na ocasião, o sindicato destacou ao governo que diversos servidores estavam enfrentando negativas em seus pleitos de promoção à Classe Especial, devido à falta de revisão do entendimento adotado pelo Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal (SIPEC), que seguia a interpretação estabelecida pela IN SGP/SEDGG/ME nº 66.
Nova Tabela
Importante ressaltar que, com a introdução da nova tabela de 20 níveis, o sindicato oficiou o MGI no dia 23 de agosto, solicitando ajustes nas regras de progressão para alinhar as novas condições ao Termo de Acordo nº 29/2024. O Sinagências apontou que a nova tabela, em comparação com a anterior de 13 níveis, poderia atrasar em até sete anos a progressão de servidores com especialização, mestrado ou doutorado. Para resolver essa disparidade, o sindicato solicitou a eliminação de exigências como tempo mínimo de experiência e existência de vagas, atualmente necessárias para promoção.
Além disso, foi proposto que os servidores ocupando cargos de nível superior até 31 de agosto sejam dispensados desses pré-requisitos para promoção à Classe Especial, já que o governo informou que criaria um marco temporal para as progressões automáticas.
O Sinagências divulgou uma nota no dia 24 de agosto afirmando que é “preciso parar imediatamente com o massacre diário aos servidores da regulação”. A declaração foi uma resposta direta às manifestações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito da atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), respectivamente.
Em entrevista concedida no dia 22 de agosto, o ministro Silveira sugeriu uma intervenção na ANEEL, alegando inércia da diretoria. No dia seguinte, durante a inauguração de uma fábrica em Hortolândia (SP), Lula criticou a demora da ANVISA na liberação de medicamentos e afirmou: “Quando algum companheiro da ANVISA perceber que algum parente dele morreu porque o remédio que poderia ter sido produzido aqui, e não foi produzido porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida e atenda melhor os interesses do nosso país.”
Na nota, o Sinagências destacou que vinha alertando o governo há vários meses sobre a falta de pessoal e o quadro crítico das 11 agências reguladoras, “que estavam operando com cerca de 1/3 da sua capacidade, com 3.708 cargos vagos.” Para o sindicato, ao responsabilizar as agências, o governo desconsiderou os alertas feitos pela categoria – e até por ministros do próprio governo – sobre a falta de estrutura e de pessoal dessas autarquias.
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No dia 8 de agosto, foi realizada na Câmara dos Deputados uma sessão solene em homenagem à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que completou 25 anos em janeiro deste ano. O evento foi solicitado pelo deputado federal Reinhold Stephanes (PSD-PR), que, na ocasião, destacou a importância da autarquia para garantir a segurança da população e ressaltou a necessidade de valorizá-la.
Clique aqui para ver a transmissão completa da sessão solene pela Câmara dos Deputados.
De acordo com uma matéria do jornal Folha de S. Paulo, os reajustes salariais negociados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vão custar R$ 16 bilhões em 2025. O impacto desses reajustes foi fechado no dia 29 de agosto para ser incluído no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2025.
A conta inclui 42 acordos fechados pela equipe da ministra Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) nos últimos meses, além do impacto do reajuste geral de 9% concedido em 2023 para todos os servidores e da correção do valor do auxílio-alimentação para este ano. O PLOA também deve apresentar estimativas sobre novas vagas de servidores e medidas para aumentar receitas e reduzir despesas.
Além disso, a matéria destaca que a folha de salários dos servidores do Executivo federal representava 2,68% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022. O percentual caiu para 2,61% em 2023, e a projeção para 2024 é de uma nova queda, para 2,48% do PIB. Em 2025, a previsão é de uma nova alta, com o percentual estimado em 2,59% do PIB.
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