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ARTIGO – Para sobreviver, teremos que lutar

Manifestação contra o feminicídio, na Rodoviária de Brasília (DF). Foto: Ed Alves/CB/DA.Press.

Por Luciana Mendes – Analista Administrativo (Ancine) 

 

Em 2023, quatro mulheres foram vítimas de feminicídio por dia no Brasil. Quatro feminicídios por dia. Em 2023. Só no Brasil.

No primeiro semestre de 2023, 34 mil mulheres foram estupradas no Brasil. Trinta e quatro mil estupros. Em seis meses. Só no Brasil – número que representa apenas os casos que foram denunciados.

Em 2023 a violência contra a mulher cresceu 23%.

Não me recordo de um único espaço profissional em que eu não tenha sido assediada ao longo da minha vida. Todas as mulheres que conheço compartilham histórias parecidas.

E o que o assédio no ambiente de trabalho (ou em qualquer outro espaço), o estupro, a violência doméstica e o feminicídio têm em comum? Tudo. Um se alimenta do outro, um nasce a partir da naturalização do antecessor.

Os assediadores são chefes, colegas de trabalho, tios, amigos, familiares. Os estupradores também. Os agressores também. Os assassinos também.

Todas essas violências bebem da mesma fonte, todas têm a mesma gênese: o machismo estrutural.

E enquanto olharmos para essas diferentes violências como casos isolados – ou indiretamente relacionados – pouco avançaremos.

Que a gente olhe para esse 8 de março como um dia para lembrarmos que, para sobreviver, teremos, sim, que lutar. E que essa luta começa quando deixamos de silenciar a violência corriqueira, aquela do dia a dia; aquela que, de tão habitual, já naturalizamos; aquela brincadeira em que todos riem, menos você.

A nossa luta começa aí. E não vai terminar enquanto não pararem de nos matar.