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ANVISA ABRE RACHA DENTRO DO GOVERNO

Um ano após sua última convocação, o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), composto por 11 ministros de Estado, deve reunir-se na quinta-feira (09/08) para avaliar os termos de um regulamento técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre as regras de segurança para o consumo humano de transgênicos.
 
Os procedimentos, em consulta pública até 10 de setembro, abriram um racha no governo porque foram interpretados como tentativa da Anvisa de atropelar a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), criada para dar pareceres técnicos conclusivos sobre transgênicos, inclusive para impactos à saúde humana.
 
Diante das divergências internas, a Casa Civil convocou o CNBS. Nos bastidores, fala-se em enquadramento da Anvisa para evitar iniciativas semelhantes de outros órgãos. A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, fez dura cobrança ao diretor-presidente interino da Anvisa, Cláudio Maierovitch, apurou o Valor. Antes, dirigentes do Ministério da Ciência e Tecnologia tentaram, sem sucesso, rever a consulta pública. Pressionada. A Anvisa defende regras mais previsíveis aos transgênicos.
 
É surpreendente essa convocação (do CNBS). Existe uma preocupação excessiva conosco. A proposta não merece esse temor todo”, diz Maierovitch. Para ele, a regra é uma orientação interna. E cita o primeiro parágrafo da norma: “Os procedimentos descritos nos anexos I e II deste regulamento técnico se aplicam à análise a ser feita pela Anvisa nos processos oriundos da CTNBio, como subsídio à Comissão de Biossegurança em Saúde do Ministério da Saúde”, diz o texto.
 
Não discutimos ideologia nem queremos ocupar o espaço da CTNBio. Não são regras impositivas a ninguém a não ser para nós mesmos”, diz o diretor. O embate já chegou ao Congresso. Em reunião com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, deputados ruralistas vão atacar a consulta e levar a assunto a audiência pública na Câmara.
 
É um absurdo essa tentativa de passar por cima da CTNBio. O Palácio não pode deixar isso acontecer”, afirma o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR). De outro lado, o deputado Iran Barbosa (PT-SE) diz que a Anvisa apenas democratizou normas e regras. “É uma medida louvável”, afirma.
 
 Com o debate centrado no texto da Anvisa, ficou em segundo plano a análise pelo CNBS de dois recursos administrativos contra a liberação comercial do milho transgênico Liberty Link, da Bayer CropScience. Fontes do CNBS avaliam que a análise dos recursos só ocorrerá após a CTNBio cumprir exigências da Justiça Federal por regras de monitoramento pós-colheita e coexistência com variedades de milho convencionais.
 
Fonte: Último Segundo / Valor Econômico