A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e as companhias aéreas decidiram em reunião ontem (03/07) trabalhar em conjunto para combater o caos aéreo. A parceria saiu um dia depois de o jornal O Estado de S.Paulo ter revelado a insatisfação do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, com o modelo de operação das empresas. Saito acredita que a crise na aviação não será superada enquanto as empresas mantiverem a ‘malha justa’ de vôos, que provoca efeito cascata quando há problemas em alguns poucos aeroportos estratégicos. A Aeronáutica propôs a redução da oferta de vôos. A questão chegou a ser debatida no encontro, mas ficou fora da nota emitida pela Anac. Segundo o texto, a reunião tratou da melhora no atendimento dos passageiros, com divulgação de informações mais precisas sobre os problemas, e uma parceria para apontar gargalos de infra-estrutura.
O encontro demonstrou mais uma vez as divergências internas do governo na área. A Aeronáutica já pediu ao Palácio do Planalto o apoio da Anac para reduzir o número de vôos. Mas a agência tem apoiado o discurso em favor de melhorias na infra-estrutura, que, para o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), não acompanhou o crescimento das companhias e a queda das tarifas que popularizaram o transporte aéreo. "Para atender à demanda, as companhias compraram aviões maiores, que são utilizados por mais tempo. Antes eram 8 horas diárias, agora são 13 horas de uso de cada aeronave", disse o diretor do Snea, Ronaldo Jenkins.
Hoje, um avião pode sair de São Paulo, ir para Brasília, depois para Vitória e terminar o dia no Rio. Se em algum desses aeroportos houver problemas, todos os vôos serão afetados. "Isso barateou as passagens. Uma mudança encareceria novamente o transporte aéreo. Temos de encontrar uma equação que seja boa para atender todos os usuários com segurança", afirmou Jenkins.
A Aeronáutica conseguiu uma vitória parcial na queda-de-braço, ao reduzir o número de operações no Aeroporto de Congonhas depois da reforma da pista principal. Mas Anac e empresas resistiram à proposta de redução de oferta e mesmo à de redistribuir vôos, para aliviar a operação em horários de pico.