Sinagências reforça laços e debate futuro do sindicalismo no Encontro Nacional das Secretarias Sindicais

“Não basta ter um escritório em Brasília: um sindicato de fato nacional precisa estar presente em cada canto do país.” Foi com essa ideia que o dirigente Fabio Rosa do Sinagências abriu, nesta sexta-feira (17), o Encontro Nacional das Secretarias Sindicais, em Brasília. O evento marca um novo momento de integração entre as secretarias sindicais e a direção executiva, após um ciclo intenso de visitas às bases em todos os estados. A atividade tem como objetivo fortalecer a articulação nacional, promover formação política e sindical e consolidar uma rede de representantes capaz de traduzir, nas realidades locais, as lutas e pautas do sindicato.

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O encontro segue até este sábado (18) e conta com uma programação voltada à troca de experiências, formação e integração entre os representantes sindicais de diferentes regiões do país. Além dos momentos de debate e análise de conjuntura, o evento também reserva espaços de confraternização, reforçando a importância da solidariedade e do vínculo entre os secretários. A proposta é que as secretarias sindicais se tornem uma verdadeira rede de apoio e articulação do Sinagências em nível nacional, aproximando ainda mais a direção da base.

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Durante a abertura do espaço de análise de conjuntura, o presidente do Sinagências destacou a importância de compreender o cenário político e econômico como ponto de partida para a ação sindical. Ele ressaltou que “não temos o direito de ser ingênuos diante da realidade” e que a tarefa de dirigentes é justamente interpretar os fatos para transformá-los. Segundo ele, a análise de conjuntura permite enxergar além das aparências e compreender a lógica mais profunda que organiza o momento histórico, um exercício essencial para que o sindicato possa atuar de forma estratégica e conectada às mudanças em curso no país e no mundo.

Ao abordar o contexto internacional, Rosa ressaltou que o mundo vive uma crise sistêmica, que combina dimensões econômicas, políticas, sociais, ambientais e militares. “Vivemos uma disputa entre o imperialismo e o multilateralismo”, disse, mencionando o papel crescente de países do Sul Global, como Brasil, Índia e China, na construção de uma nova governança internacional.

Assim como a conjuntura internacional, Rosa abordou também a conjuntura nacional e sindical, destacando os desafios políticos e econômicos que afetam as agências e reforçando a importância de análise estratégica para orientar a organização e a defesa dos direitos dos servidores. 

Ele chamou atenção para os impactos do neoliberalismo e da globalização sobre a desigualdade e a desindustrialização de países centrais, defendendo que compreender essas transformações é fundamental para fortalecer a luta coletiva e o papel do serviço público diante dos desafios contemporâneos.


“Nossa elite prefere ser sócia minoritária das metrópoles a ser protagonista do próprio desenvolvimento”, afirmou ao analisar os entraves históricos ao crescimento nacional. Segundo ele, o Brasil ainda enfrenta um modelo de elite econômica que não se identifica com o país, o que limita a autonomia produtiva e industrial. Para Rosa, fortalecer a capacidade produtiva nacional e o Estado brasileiro é essencial não apenas para a soberania econômica, mas também para a geração de empregos qualificados e o empoderamento da classe trabalhadora.

“Somos um país de todos ou um país de poucos?”, questionou ao destacar que a disputa por um projeto de desenvolvimento é também uma disputa de poder. Ele relacionou esse cenário à realidade sindical, lembrando que a luta por orçamento, valorização das carreiras e fortalecimento das agências reguladoras faz parte dessa mesma disputa. “Cada vez que o servidor busca melhores condições de trabalho, ele também está disputando o orçamento e o modelo de Estado que queremos”, concluiu.

Os secretários presentes no encontro reforçaram a importância da união e da organização coletiva diante dos desafios impostos ao serviço público. Em suas falas, destacaram que o setor, antes fundamental para o desenvolvimento nacional, passou a ser tratado como obstáculo pelo capital, que busca controlar serviços e infraestruturas antes construídos pelo Estado.

As intervenções também chamaram atenção para o avanço da privatização, a influência do capital estrangeiro e a precarização das relações de trabalho, citando exemplos como a telefonia, a TV a cabo, o SUS e a indústria. Em tom de resistência, os participantes defenderam a aliança entre servidores e outras categorias trabalhadoras, criticaram a extrema-direita e reforçaram a necessidade de mobilização política para garantir os direitos da classe trabalhadora e o futuro do país.

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Fonte: Ascom/Sinagências