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Paciente com suspeita de ebola é transferido ao Rio de Janeiro

O  paciente com suspeita de ebola vindo da Guiné, na África, foi transferido de Cascavel (PR) por volta das 5h desta sexta-feira ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ).

Um médico e uma enfermeira de Cascavel acompanharam o paciente que desembarcou da ambulância caminhando e se dirigiu até a aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira), que os aguardava no aeroporto municipal Coronel Adalberto Mendes da Silva.

Souleymane Bah, 47, estava internado isolado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 2, no bairro Brasília.

A transferência exigiu uma série de medidas que fazem parte de um protocolo internacional quando há casos suspeitos de ebola. A ambulância, preparada para fazer o transporte até o aeroporto, chegou a UPA 2 por volta das 3h40. A equipe estava paramentada com roupas especiais para evitar uma possível contaminação.

O paciente, que também recebeu roupas especiais para a viagem, foi paramentado durante meia hora antes de seguir para o aeroporto. A ambulância seguiu escoltada por um carro da Polícia Militar.

Os três pilotos da aeronave da FAB também precisaram usar as vestimentas especiais para a viagem. O avião decolou por volta das 5 horas.

No Rio de Janeiro, uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aguarda a equipe no aeroporto do Galeão para fazer a desinfecção do avião.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, é o primeiro caso suspeito da doença que foi notificado por uma prefeitura neste ano.

PRECAUÇÃO

O Ministério da Saúde enviou dois médicos infectologistas a Cascavel (498 km de Curitiba) na noite desta quinta-feira (9). Eles são responsáveis em avaliar as pessoas que tiveram contato com o homem, notificado com suspeita de ebola.

Após a avaliação eles definirão quem são as pessoas que poderão ser liberadas da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 2. Várias pessoas estão proibidas de deixarem a unidade, entre médicos e pacientes. Dois policiais militares que faziam a escolta de um preso também estão retidos na UPA por precaução.

O guineano Souleymane entrou no Brasil pela Argentina e pediu refúgio no dia 23 de setembro no posto da Polícia Federal na cidade de Dionísio Cerqueira (SC).

Ao lado de Serra Leoa e Libéria, a Guiné é um dos três países que mais registraram casos de morte pela doença no continente.

O atual surto de ebola, o pior que se tem conhecimento, já havia matado 3.879 pessoas até o dia 5 de outubro, segundo estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde).

O paciente em Cascavel apresenta um quadro de febre alta, mas não apresenta hemorragia ou vômitos. A Secretaria Estadual de Saúde chegou a dizer que ele apresentava hemorragia, mas a informação foi corrigida.

Além de ebola, Estado e prefeitura trabalham com a suspeita de que seja um caso de malária ou dengue hemorrágica, uma vez que os sintomas são semelhantes.

Por precaução, todos os pacientes antes em tratamento no local estão sendo transferidos para hospitais da região.

O Estado do Paraná tomou conhecimento do caso no final da tarde desta quinta-feira (9) e já notificou o Ministério da Saúde.
A secretaria estadual não soube informar há quanto tempo o paciente encontra-se sob cuidados na UPA.

No último mês, outros dois casos suspeitos semelhantes, de pessoas vindas da África, foram notificados ao Estado do Paraná por prefeituras. Nestas situações, porém, foram considerados suspeitas de malária, já que os pacientes não vieram de países africanos com registro de surto de ebola.

Na noite desta quinta (9), a UPA 2 estava interditada, com portas fechadas. Pacientes que precisavam de atendimento emergencial eram orientados por um segurança na portaria a procurar outra unidade de saúde.

A balconista Raquel Cristina Leite foi à UPA por volta das 21h porque sua mãe está internada desde a noite de quarta (8). Ela disse que ficou sabendo que a unidade estava interditada e imediatamente correu para o local para obter informações. “Minha cunhada me ligou avisando que ninguém entrava e ninguém saía”, disse.

Uma irmã de Raquel está junto com a mãe no interior da unidade e conversou com ela por telefone. “Os médicos tranquilizaram ela, disseram que tem que ver se é ou se não é esse ebola”, contou.

Parentes de pessoas internadas e curiosos foram até o local depois que emissoras de rádio e TV passaram a divulgar a suspeita no início da noite.

Fonte: Folha de São Paulo