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Mobilizar as bases para colocar a pauta dos trabalhadores na agenda prioritária do governo

"Precisamos colocar a pauta dos trabalhadores na agenda prioritária do governo, fazendo greves, organizando jornadas de lutas, atos em Brasília, ocupando o Congresso Nacional e mobilizando nossas bases nos estados e municípios". Assim, o presidente da CUT, Vagner Freitas, assinalou os desafios e perspectivas para o movimento sindical diante do cenário que se coloca para o próximo período.

O presidente da CUT esteve nesta sexta (10) no Encontro Regional de Planejamento do Sul que ocorreu no Centro de Formação Sul em Santa Catarina.

Com independência e autonomia de uma Central que durante seus quase 30 anos de história e grandes lutas se consolidou como a maior do Brasil e da América Latina, a CUT tem construído diversos movimentos e ações para barrar o retrocesso e aprofundar as conquistas.

Em 6 de março, a Central entregou ao governo federal uma pauta de reivindicações da classe trabalhadora. Sem resposta, organizou atos e mobilizações em Brasília e nos estados. A partir destas ações e após intervenção do presidente da CUT, o governo aceitou negociar oito itens da pauta de reivindicações.

Questões como a construção de um projeto alternativa ao PL da terceirização, uma proposta para combater a alta rotatividade que precariza o trabalho, a regulamentação do trabalho doméstico e do direito de negociação do serviço público (Convenção 151 da OIT) e diversos outros pontos, serão debatidas em reunião marcada para a próxima terça, dia 14, em Brasília, entre governo, representantes da CUT e demais centrais sindicais.

"Precisamos aumentar nosso tom, continuar colocando o bloco na rua. Estamos diante de um governo de coalizão composto por empresários, latifundiários, conservadores. Nosso papel é lutar para movimentá-lo à esquerda. Quem tem base para construir este movimento somos nós, da CUT e do movimento sindical", acrescentou.

O Brasil, segundo Vagner, passou por um processo de grandes transformações a partir do governo Lula, o que possibilitou a consciência de classe do povo.

Com a clareza de todas as dificuldades, críticas e diferenças, o movimento sindical e social tem o desafio de construir a continuidade do projeto democrático-popular. "O Estado de São Paulo é um exemplo de retrocesso e atraso em seu governo neoliberal e de direita, um Estado sucateado, com greves na saúde, educação e serviços. Oferece serviços públicos de péssima qualidade à população e o que tem ofertado está ancorado em repasses do governo federal", ressaltou Vagner.

Durante o governo Lula, nenhuma central fez mais greve do que a CUT. Como parâmetro, o Sistema de Acompanhamento de Greves do Dieese indicou que a Central organizou durante os oitos anos de governo quase o dobro do número de greves no serviço público federal do que realizou no período FHC.

O papel de vanguarda e protagonismo da maior central sindical do País foi reconhecido internacionalmente. Estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgado recentemente apontou a CUT como único exemplo de vitória no campo do trabalho na América Latina.

Apesar das lutas que culminaram em grandes avanços para a classe trabalhadora e sociedade em geral, o Brasil ainda convive com um poder Judiciário calcado na defesa da propriedade e de indivíduos, concentração fundiária, mídia hegemônica concentrada nas mãos de conglomerados familiares onde não há liberdade de expressão.

Para Angelo D’Agostin Jr, secretário do Setorial Sindical Nacional do PT, duas questões são fundamentais para aprofundar a democracia no País e mudar a correlação de forças na sociedade: reforma política e democratização das comunicações.

Além do Projeto de Lei de Iniciativa Popular sobre a Reforma Política, a ideia é construir uma Constituinte extraordinária para discutir a questão, com financiamento público de campanha, lista partidária pré-ordenada para candidaturas e aumento da participação das mulheres na política.

Outro ponto citado por D’Agostin foi o Projeto de Lei da Mídia Democrática lançado em 1º de maio cuja proposta construída pela sociedade civil visa a regulamentação de artigos da Constituição Federal, atuando no enfretamento ao monopólio e oligopólio e promovendo a pluralidade e a igualdade

Política regional -nos três Estados do Sul, apesar de diferentes conjunturas e governos de ideologias antagônicas, a classe trabalhadora tem se organizado para consolidar os avanços.

Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, atentou que no Estado houve uma queda na arrecadação, o que tem dificultado na contemplação das políticas públicas locais. Os recursos não deram conta, por exemplo, de pagar o Piso Nacional do Magistério. "É preciso que tenhamos um projeto muito bem construído. É indiscutível o avanço dos últimos 10 anos a nível nacional, mas precisamos fazer com que a pauta trabalhista avance no Congresso Nacional. Estamos numa luta de classes e vamos continuar aprofundando as conquistas no Brasil".

De acordo com Regina Cruz, presidente da CUT-PR, a proposta é lançar a plataforma da classe trabalhadora e fazer um trabalho de politização por municípios. "Precisamos mobilizar a classe trabalhadora para que consigamos ter representatividade nos espaços de decisão", destacou Regina.

O presidente da CUT-SC, Neudi Giachini, discorreu em sua fala sobre a realidade do estado. Em momento algum da história a classe trabalhadora conseguiu eleger um representante a nível local, fator que dificulta no atendimento das pautas trabalhistas. “Tivemos uma grande vitória para a classe trabalhadora no estado que foi o Piso Estadual Regional, mas foi uma pauta arrancada do governo com muita pressão e mobilização”, lembrou.

Durante o encontro foram apresentadas as políticas de formação, finanças, comunicação, relações de trabalho com a luta para barrar o Projeto de Lei 4330 e a campanha de sindicalização da CUT lançada durante o 1º de maio.

Ao final, definiu-se o grupo responsável pela efetivação das ações do Planejamento, composto pelos presidentes das CUTs estaduais e a coordenadora da Escola Sul e Hotel Canto da Ilha, Sônia Solange dos Santos Viana.

Fonte: CUT Nacional