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ANVISA LANÇA MEDIDAS PARA REDUZIR CONSUMO DE ANFETAMINAS

Diante da vergonhosa marca de maior consumidor de anfetaminas do mundo e das críticas feitas por especialistas à fiscalização, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu agir. Anunciou ontem a intenção de adotar duas medidas: informatizar o controle das receitas médicas e promover uma discussão sobre o uso da anfetamina no País. Esta última poderá resultar na proibição da sua prescrição. "É um desfecho possível. Mas antes de ser adotado, será preciso discutir amplamente o assunto", afirmou o presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Melo. Ele estima que as primeiras reuniões comecem já no próximo mês.
 
Relatório feito pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) da Organização das Nações Unidas (ONU) demonstra que o consumo per capta do Brasil de anfetaminas aumentou de forma significativa, ao contrário do que acontece em países desenvolvidos. Estimulante, a anfetamina é indicada por alguns médicos para reduzir o apetite. Por causa dos sérios efeitos colaterais – insônia, depressão, síndrome do pânico – a recomendação mundial é de substituir a droga por medicamentos mais modernos. Sua indicação seria feita somente em casos restritos, como narcolepsia.
 
A venda do medicamento no Brasil é feita de forma controlada. Mas, valendo-se da falta de fiscalização, médicos receitam a droga de forma indiscriminada – para pacientes que estão apenas alguns quilos a cima do peso, por vários meses seguidos. "Vi um médico do trabalho que fez mais de 9 mil indicações num ano", afirmou o professor Elisaldo Carlini, integrante da JIFE.
 
Além do problema das anfetaminas, Carlini obervou que no Brasil há uma prescrição excessiva de antidepressivos. "Mas com uma finalidade totalmente desvirtuada, como moderador de apetite", disse. Segundo ele, o antidepressivo fluoxetina já é o medicamento mais vendido em farmácias magistrais de Riberão Preto e Florianópolis. "Remédios sempre podem trazer uma série de efeitos indesejados. Eles, no entanto, são enfiados goela abaixo de pacientes, sem que saibam qual o risco a que eles estão sendo submetidos", completou.
 
O professor não poupou críticas à classe médica e também à fiscalização. "As normas existentes para prescrição das drogas e seu uso estão aí, são boas. Mas a fiscalização deixa a desejar", afirmou.
 
Fonte: Agência Estado